quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

A tristeza hoje me abraça.
Não há nada que a impeça,
E nada em mim disfarça.

Me aperta e não tem pressa,
Mas enquanto suga minha graça,
No meu ouvido me confessa:
- Calma, que isso passa..

João
Parnaíba - PI, 06 de Dezembro de 2012, 11h58
O Velho Expedito

Desculpa, minha gente,
Mas vou ter que partir.
Daqui ouço o capitão me chamar,
A embarcação já está pronta,
Já está quase no mar.

Mas não chora, minha gente.
Não chora que um dia
Todo mundo se encontra
Do lado de lá.

Eu que nunca foi almirante,
Hoje só tenho que ir,
Por conta da fumaça errante
Que soltei por aí.

Já estou pronto pro além-mar,
Mas cheio de saudades por saber
Que neste porto, nunca mais
Nessa vida irei atracar.

E nesse fim de repente,
Do capitão o apito,
O meu último grito,
Meu adeus descontente.

João
Parnaíba - PI, 30 de Novembro de 2012, 20h54
De ti, nada mais hoje eu vejo.
Sem novidade, aos poucos morre o desejo.
O que se espera é algo que nem se vê,
Vou agora lá tentar, enfim, renascer.

Com os passos trocados,
Sem do peito uma fatia,
Longe dos antigos afagos,
Sem a antiga alegria,
Resta o caminhar,
Pois o entardecer é certo,
A morte mais ainda,
Fica assim por mais esperto,
Reconhecer que o amor do passado
Hoje já é coisa finda.

Do contrário, o que será viver?
Chorar, sofrer, reclamar e dormir?
Triste, se entregar ao envelhecer,
Só por achar que amor por outra
Não pode mais sentir?

Loucura, amigo.
Amar poderia ser isso.
Se desvanecer enquanto se enlouquece.
Mas com o tempo a gente se esquece.
Se duvidar, de repente até volta a viver.

João
Parnaíba - PI, 12 de Novembro de 2012, 20h25
o silêncio me falou
que ele não foi sempre assim
que parte dele se perdeu no passado
que o tempo trancou sua fala
que a loucura dançou na sua sala
que o medo lhe pintou uma tela
que a tristeza o fez parte dela
que o perdão se absteve
que depois disso nada mais houve
a não ser a esperança dizer adeus
a paixão virar pó
e assim, só,
o silêncio virou silêncio.

João Neto
Parnaíba - PI, 20 de novembro de 2012, 01h05
Sou tua.
Aprende,
Percebe.
Assim nua,
Me bebe,
Me sente.

João
Parnaíba - PI, 08 de Dezembro de 2012, 11h12

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

De repente

Se de repente eu me puser a escrever,
O que será que disso tudo poderá sair?
Entre uma linha e outra, talvez você.
Assumo ser algo impossível de fugir.

E enquanto dos meus dedos partindo
E nos olhos de outros penetrando,
Finjo seguir sempre sorrindo,
Como se sempre amando.

Até não haver mais meu olhos abertos,
Até não haver mais meu peito batendo,
Dando o adeus profundo e sincero,
De quem ora parte mesmo vivendo.

E n'outra vida se eu te vir,
Ai de mim se não te amar.
Se só pra isso eu sei servir,
Sirvo desse infinito pra lá.

João Neto
Parnaíba - PI, 29 de Novembro de 2012, 00h33

quarta-feira, 7 de novembro de 2012


Quando tua presença já não suscita nova chama,
Quando teus desejos estão calados e distraídos,
Quando o próprio peito já não sabe mais se ama,
Quando os sonhos de outrora ficam esquecidos.

É triste.

Que se veja e não mais se sinta,
Que a pele só arrepie por um momento,
Que se deixem numa mera finta,
Que tudo desemboque em esquecimento.

É triste.

Ver, por fim, o amargo virando o novo doce.
Perceber a noite se tornando o mais novo dia,
Que tudo seria mais bonito se feliz se fosse,
Que hoje apenas dói o peito que antes sorria.

João Neto
Parnaíba - PI, 07 de Novembro de 2012, 11:13

sábado, 3 de novembro de 2012


Reflexo

Vi um rosto tão triste
E muito quis ajudar,
Mas será que existe
Permissão para entrar?

Tem uma expressão esquecida,
Daquelas paralizadas no tempo.
Guardando em si a dor resumida,
D'um doloroso e eterno momento.

Vendo esse rosto tão triste
Me pergunto cadê a alegria,
Se antes nele ela havia,
Se é que de fato ela existe.

Tem um jeito tão meu no olhar,
Não olho pra evitar que me veja.
Não quero ver esse penar, um dia,
Achar que sou o rosto que almeja.

João
Parnaíba - PI, 15 de Setembro de 2012 às 03:04

Sem fim

No primeiro beijo tínhamos o cheiro da noite.
Na segunda noite, já éramos o cheiro do sexo.
Da terceira em diante, já depois desse açoite,
Surgiu um amor, que só nós dois víamos nexo.

E foi um processo tão belo de se ver e se viver,
Que ninguém questionava o que ora se sentia.
E viver esse sonho serviu apenas pra perceber
Que já era amor quando meu olhar não te via.

Mas hoje esse choro calado aqui dentro do peito,
Somado com a pontinha da brasa do que passou
Foi tudo o que me restou do amor mais perfeito,
Que esse próprio peito que hoje chora vivenciou.

Com a memória encharcada de cortante saudade
Chego ao fim de outra estrofe de mais um poema.
Enquanto o tempo passa e aumenta minha idade
E eu luto pra sem você não sentir a alma pequena.

João
Parnaíba - PI, 22 de Setembro de 2012, 02:05

quinta-feira, 12 de julho de 2012


Faz um favor pro teu homem:
Ajuda-o na dor que o consome.
Embora ele isso tenha pedido,
Hoje é só um homem perdido.

Sofrido e machucado, olhando-o
Parece tão imenso o fardo.
Penoso e esquecido, olhando-o
Não se vê o homem do passado.

É tão dura a dor que carrega,
Que quem o vê nem imagina
Que foi ele mesmo quem pediu.
Soltou a mão, que era sua sina,
Abriu a janela e seu amor partiu.

E foi levando tanto lamento,
Que seus olhos só choravam
E por nada acreditavam
Naquele triste momento.

E agora eu ainda peço,
Não despreza o homem que amou.
Do fim poderia haver recomeço.
Da tristeza, surgir a alegria do amor.

Porque o verdeiro amor não tem fim.
E mais uma vez, por fim , eu te peço:
Ajuda o homem que amou.
Porque esse homem hoje eu sou.
E nesse lamento que escrevo,
A cada palavra já não me percebo.
E sinto o vento me levar.
Pra longe de ti, onde não existe amar.
Avise a todos, minha vida.
Sem adeus,
Pra ir, hoje eu não vou tardar.

João Neto
Parnaíba - PI, 22 de Junho de 2012

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Tô cansado de ficar lendo sobre definições da vida, do amor, da felicidade. Tô cansado de ficar lendo pessoas tentando arranjar uma maneira de justifcar suas alegrias ou tristezas. Não existe nada por trás, não é um jogo, é uma droga. Existem momentos bons e ruins. Não se explica. Se fosse fácil achar explicações, não haveria dor, remorso ou ódio. Tudo seria facilmente evitado.

É isso, é simples.

João

domingo, 8 de julho de 2012


Desfacelado o peito,
Resta a ferida.
Caleja o feito,
Sou dor entristecida.

Foi-se de mim,
Ou fui dela sem perceber.
E o que restou por fim,
Foi apenas o entardecer.

Diante dos olhos
A tinha sem ter,
Olhos tristonhos,
Não era pra ser.

Saudade que sinto,
Machuca um tanto.
Amor de verdade, não minto.
Saudade de seu véu, de seu manto.

Rosa da minha vida,
Paixão arrazadora,
Por fim, dor sofrida,
Fez do peito masmorra.

Escolha, meu bem.
De tudo que é meu,
O meu melhor, pro teu bem.
Me solte depois,
Me beije na testa,
Apague essa luz,
Me deixe no breu.

Do que sei,
Do que fui,
Não caibo mais aqui.
Eu não sou mais eu.
Algo no caminho ficou.
Caminho que percorri.
Embora saiba o quanto sofri.
Nunca esquecerei, meu amor.
Do teu peito que tanto me amou.

Mas agora eu parto.
Em retalhos, porque é preciso.
E se mais lá na frente desisto,
Sei que será tarde.
Caminho indeciso, nunca visto.
Mas estou farto.
Vou curar minha dor,
Que me machuca, me chora
E no coração, arde.

João Neto
Mês passado ou retrasado.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Olá. Assim começo:


Acabo de ir lá fora tragar meu vício,
Engolir o que em mim há de amargo
E de repente me embriago com a lua,
Que estava linda, mas que na minha
Opinião, prefiro tua beleza nua,
Que tanto amava e hoje não mais tenho.
E que por não ter, agora escrevo assim,
De peito pequeno, mas sereno,
Calando a saudade numa poesia crua.

E assim eu sigo nesses dias mudos,
Fazendo deles um fio de esperança
De pôr fim a esse imenso absurdo
De entre nós dois não haver mais dança.

João Neto
Parnaíba - PI, 02 de Julho de 2012, 04:12.