segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Hoje

Falo melhor quando tô calado,
Vejo melhor quando tô dormindo.
Não sou horrível nem sou lindo.
Vivo meus dias sem qualquer afago,
Ainda assim às vezes me pego sorrindo.

Se eu fosse um rio,
Não seria fundo nem raso.
Se eu fosse o amor,
Poderia ser prazer ou dor.
Se eu fosse a morte,
Não seria amarga nem doce.
Nem doce nem salgada,
Nem nada do que antes fosse.

Sou uma inconstância de escolhas
Numa bolha sem distância
Entre sua ausência e sua lembrança.

João
Parnaíba - PI, 23 de fevereiro de 2013, 17h34

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

No braço, uma cicatriz,
Que doi só na mente.
De um laço mais tenaz que corrente,
De um desfecho que me fez descontente.
Era o fim anunciado na nossa frente.

Poesia crua de um peito
Que não mais sente,
Se perdeu na rua,
Na beleza nua do teu
Corpo inocente
De mulher amada e por mim
Cuidada tão intensamente.

E agora, pro fim da caminhada,
Conto com a sorte pra esquecer
O que o peito nega, mas ainda sente.

João
Parnaíba - PI, 10 de Janeiro de 2013, 01h53

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

A tristeza hoje me abraça.
Não há nada que a impeça,
E nada em mim disfarça.

Me aperta e não tem pressa,
Mas enquanto suga minha graça,
No meu ouvido me confessa:
- Calma, que isso passa..

João
Parnaíba - PI, 06 de Dezembro de 2012, 11h58
O Velho Expedito

Desculpa, minha gente,
Mas vou ter que partir.
Daqui ouço o capitão me chamar,
A embarcação já está pronta,
Já está quase no mar.

Mas não chora, minha gente.
Não chora que um dia
Todo mundo se encontra
Do lado de lá.

Eu que nunca foi almirante,
Hoje só tenho que ir,
Por conta da fumaça errante
Que soltei por aí.

Já estou pronto pro além-mar,
Mas cheio de saudades por saber
Que neste porto, nunca mais
Nessa vida irei atracar.

E nesse fim de repente,
Do capitão o apito,
O meu último grito,
Meu adeus descontente.

João
Parnaíba - PI, 30 de Novembro de 2012, 20h54
De ti, nada mais hoje eu vejo.
Sem novidade, aos poucos morre o desejo.
O que se espera é algo que nem se vê,
Vou agora lá tentar, enfim, renascer.

Com os passos trocados,
Sem do peito uma fatia,
Longe dos antigos afagos,
Sem a antiga alegria,
Resta o caminhar,
Pois o entardecer é certo,
A morte mais ainda,
Fica assim por mais esperto,
Reconhecer que o amor do passado
Hoje já é coisa finda.

Do contrário, o que será viver?
Chorar, sofrer, reclamar e dormir?
Triste, se entregar ao envelhecer,
Só por achar que amor por outra
Não pode mais sentir?

Loucura, amigo.
Amar poderia ser isso.
Se desvanecer enquanto se enlouquece.
Mas com o tempo a gente se esquece.
Se duvidar, de repente até volta a viver.

João
Parnaíba - PI, 12 de Novembro de 2012, 20h25
o silêncio me falou
que ele não foi sempre assim
que parte dele se perdeu no passado
que o tempo trancou sua fala
que a loucura dançou na sua sala
que o medo lhe pintou uma tela
que a tristeza o fez parte dela
que o perdão se absteve
que depois disso nada mais houve
a não ser a esperança dizer adeus
a paixão virar pó
e assim, só,
o silêncio virou silêncio.

João Neto
Parnaíba - PI, 20 de novembro de 2012, 01h05
Sou tua.
Aprende,
Percebe.
Assim nua,
Me bebe,
Me sente.

João
Parnaíba - PI, 08 de Dezembro de 2012, 11h12