quinta-feira, 29 de novembro de 2012

De repente

Se de repente eu me puser a escrever,
O que será que disso tudo poderá sair?
Entre uma linha e outra, talvez você.
Assumo ser algo impossível de fugir.

E enquanto dos meus dedos partindo
E nos olhos de outros penetrando,
Finjo seguir sempre sorrindo,
Como se sempre amando.

Até não haver mais meu olhos abertos,
Até não haver mais meu peito batendo,
Dando o adeus profundo e sincero,
De quem ora parte mesmo vivendo.

E n'outra vida se eu te vir,
Ai de mim se não te amar.
Se só pra isso eu sei servir,
Sirvo desse infinito pra lá.

João Neto
Parnaíba - PI, 29 de Novembro de 2012, 00h33

quarta-feira, 7 de novembro de 2012


Quando tua presença já não suscita nova chama,
Quando teus desejos estão calados e distraídos,
Quando o próprio peito já não sabe mais se ama,
Quando os sonhos de outrora ficam esquecidos.

É triste.

Que se veja e não mais se sinta,
Que a pele só arrepie por um momento,
Que se deixem numa mera finta,
Que tudo desemboque em esquecimento.

É triste.

Ver, por fim, o amargo virando o novo doce.
Perceber a noite se tornando o mais novo dia,
Que tudo seria mais bonito se feliz se fosse,
Que hoje apenas dói o peito que antes sorria.

João Neto
Parnaíba - PI, 07 de Novembro de 2012, 11:13

sábado, 3 de novembro de 2012


Reflexo

Vi um rosto tão triste
E muito quis ajudar,
Mas será que existe
Permissão para entrar?

Tem uma expressão esquecida,
Daquelas paralizadas no tempo.
Guardando em si a dor resumida,
D'um doloroso e eterno momento.

Vendo esse rosto tão triste
Me pergunto cadê a alegria,
Se antes nele ela havia,
Se é que de fato ela existe.

Tem um jeito tão meu no olhar,
Não olho pra evitar que me veja.
Não quero ver esse penar, um dia,
Achar que sou o rosto que almeja.

João
Parnaíba - PI, 15 de Setembro de 2012 às 03:04

Sem fim

No primeiro beijo tínhamos o cheiro da noite.
Na segunda noite, já éramos o cheiro do sexo.
Da terceira em diante, já depois desse açoite,
Surgiu um amor, que só nós dois víamos nexo.

E foi um processo tão belo de se ver e se viver,
Que ninguém questionava o que ora se sentia.
E viver esse sonho serviu apenas pra perceber
Que já era amor quando meu olhar não te via.

Mas hoje esse choro calado aqui dentro do peito,
Somado com a pontinha da brasa do que passou
Foi tudo o que me restou do amor mais perfeito,
Que esse próprio peito que hoje chora vivenciou.

Com a memória encharcada de cortante saudade
Chego ao fim de outra estrofe de mais um poema.
Enquanto o tempo passa e aumenta minha idade
E eu luto pra sem você não sentir a alma pequena.

João
Parnaíba - PI, 22 de Setembro de 2012, 02:05